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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vaidade: amiga ou inimiga?

Meus caros:

   Nessa época do ano, em que se aproxima o verão, as academias de ginástica multiplicam matrículas, as clínicas de estética ampliam atendimento e anúncios de beleza instantânea surgem de todos os lados. É o momento de cuidar da aparência, para fazer sucesso nas areias das praias pelo Brasil.

   Vendo essa agitação toda resolvi falar essa semana sobre vaidade. Afinal beleza e vaidade estão sempre muito próximas, ainda que a vaidade vá muito além da beleza, consistindo na vontade de estar em evidência, atraindo a admiração das outras pessoas.

   A questão que proponho para reflexão é: a vaidade é uma aliada ou uma inimiga em nossas vidas? Bem, quem já ouviu falar dos sete pecados capitais deve lembrar que a vaidade é considerada o pior deles. Então por aí já poderia encerrar a postagem e dar por definido que a vaidade é uma inimiga, a ser combatida impiedosamente.

   É preciso observar, contudo, que os chamados sete pecados capitais, entre eles a vaidade, remontam, em sua origem, aos gregos, que se ocuparam em definir as condutas que levariam ao desvio do caminho moral desejado. Posteriormente o Cristianismo aproveitou a ideia e definiu os sete pecados capitais, como forma de orientação aos seus seguidores. Em ambos os casos, o que nos interessa é que uma determinada atitude é valorada como indesejável quando leve a pessoa a se desviar dos seus objetivos de desenvolvimento pessoal.

   Nesse cenário, o que se pode concluir é que a vaidade por si só não é necessariamente algo ruim, uma inimiga a ser combatida. Ela pode ser uma importante aliada que nos impulsiona a atitudes positivas. Alguns exemplos básicos são cuidar do corpo fazendo exercícios físicos regulares, tomar banho todos os dias em locais quentes como no Brasil, cortar o cabelo, fazer a barba, usar desodorante e perfume, vestir roupas adequadas para cada tipo de local, etc. E outros exemplos de coisas mais complexas, como desenvolver alguma inovação no trabalho, buscar o sucesso profissional e perseguir a Excelência pessoal. Tudo, entre outras coisas, para sermos respeitados, admirados e bem considerados na sociedade em que vivemos. Até aí parece-me que não há mal nenhum.

   O problema surge quando a vaidade vai além dos limites da normalidade, quando se torna a vaidade pela vaidade, fazendo com que a pessoa esteja disposta a tudo para atingir seu objetivo de estar em evidência, de se destacar em relação aos demais. Nesse caso a vaidade se torna perigosa e pode nos conduzir por caminhos maquiavélicos, segundo os quais os fins justificariam os meios. E pode, no fim das contas, nos trazer mais prejuízos que benefícios.

   Vejo esse risco, por exemplo, em situações como de beleza estética, em que a pessoa se submete reiteradamente a tratamentos agressivos à sua integridade física em busca da manutenção de uma aparência mais jovem. Em geral os tratamentos são exitosos e trazem algum tipo de benefício. Mas há casos em que se verifica inclusive a perda da vida ou algum tipo de sequela permanente. De qualquer modo, mesmo nos casos de sucesso no tratamento, trata-se de uma vitória temporária em uma luta inglória, já que o envelhecimento acontecerá de qualquer forma. Melhor que investir tanto na vã tentativa de manter a jovialidade física seria investir na manutenção da jovialidade da mente e no desenvolvimento de maior conteúdo pessoal. Tornar-se cada dia um vinho melhor, como diriam os enólogos.

   Outro exemplo é o de pessoas que, em busca do sucesso profissional ou de realizar um projeto que os levará ao topo da glória, passam por cima de tudo e de todos, atropelando situações e sempre buscando o destaque pessoal, em detrimento do destaque de seus colaboradores. O projeto até pode ser um sucesso, a glória profissional até pode surgir. Mas a que custo e com que qualidade? Penso que a longo prazo o risco de uma derrocada tão rápida quanto a escalada é grande, pois o sucesso duradouro precisa estar alicerçado em bases sólidas.

   Portanto, meus caros, não precisamos ter a vaidade sempre como uma inimiga. Ela pode ser muito útil para impulsionar nossos passos rumo à Excelência. Mas devemos estar atentos ao alerta teológico da vaidade como um pecado capital. Precisamos de uma observação constante para ver se nossa vaidade não está indo além dos limites.

   O difícil nessa tarefa é que a vaidade é dotada de uma grande sutileza. Vai comendo pelas beiradas, seduzindo aos poucos, inebriando vagarosamente a razão, a partir dos deleites diários proporcionados pela sensação de ser o melhor entre os melhores. E um belo dia, quando nos damos conta, já estamos dentro de um circulo vicioso gerado por se ter ido com a vaidade para além de limites seguros.

   Então atenção redobrada para não entrarmos nesse círculo vicioso. Ou se eventualmente acontecer de nele ingressarmos, para tomar atitudes concretas e voltar à normalidade o mais rápido possível.

Um abraço e até semana que vem,

Emmerson Gazda

Um comentário:

  1. É, meu caro Emmerson, tinha um padre muito antigo que dizia que a vaidade só morria 24 horas depois de enterrado o defunto!!!

    Márcio

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