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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Repensando paradigmas!

 Meus caros:

   Em algum momento você já parou para pensar que na maioria dos dias de nossas vidas, senão em todos, vivemos seguindo os paradigmas pré-existentes? Ou seja, traduzindo em palavras mais informais: vivemos simplesmente “seguindo o fluxo”? Em regra isso não é necessariamente negativo. Na maioria dos dias nos ajuda a não perder a sanidade em um mundo tão complexo. Mas para nosso desenvolvimento pessoal e profissional é importante termos também um certo espírito crítico, fazendo questionamentos de como as coisas poderiam ser melhores. Chamo isso da importância de repensar paradigmas.

   Vários autores se ocupam do questionamento de paradigmas, nas mais diversas áreas. Um que me ocorre de cabeça no momento é Michel Foucault, que vale a pena ser lido por quem quer desenvolver um pensamento crítico. Mas não precisamos entrar em campo científico tão denso para entender que questionar e repensar paradigmas é importante para nosso engrandecimento pessoal e profissional. Se pensarmos bem, em uma abordagem prática, em nossas vidas diárias há inúmeros exemplos de casos em que as coisas são historicamente feitas de uma forma e que, analisadas com cuidado, bem poderiam ser feitas de maneira diferente com mais eficiência.

   Como ilustração conto uma pequena história que ouvi certa vez em uma palestra e que, como referência bibliográfica, consta do livro “Ninguém Tropeça em Montanha”, de Tadashi Kadamoto. Relata essa história que certo dia um homem, intrigado com a atitude de sua esposa que sempre, ao assar um peixe, cortava seu rabo e cabeça, resolveu perguntar a ela a respeito. Como resposta ela lhe disse que cortava por ter aprendido com sua mãe. Não satisfeito, resolveu perguntar para a sogra o motivo de ter ensinado tal prática a sua esposa. Ela lhe respondeu que assim fez porque aprendeu com sua mãe. O homem, cada vez mais curioso, resolveu investigar o assnto com a mãe de sua sogra. Esta, ao ser questionada, prontamente respondeu que nunca havia ensinado tal prática a sua filha. Simplesmente cortava a cabeça e o rabo do peixe porque na época sua forma era pequena demais para o peixe inteiro.

   No mundo real também é assim. Por exemplo, na esfera jurídica, qual o paradigma em termos de vestimentas para os homens? Terno e gravata, como regra. Eu mesmo, em razão do meu trabalho, uso terno e gravata todos os dias. No inverno tudo bem, sem maiores problemas. Até facilita na hora de escolher a roupa. Mas no verão isso é irracional. Além de passarmos calor o dia todo, temos um gasto imenso com uso de ar condicionado (que poderia ser reduzido significativamente com a mudança do padrão). Quando trabalho em casa, por exemplo, uso bermuda, camiseta e chinelo, com ar condicionado desligado. E sabem o que é mais interessante: a roupa que uso não altera o resultado do meu trabalho. Aliás, ousaria dizer que com maior conforto no vestuário minha produtividade é até maior. Não é incrível? Mas evidente que continuo indo ao fórum trabalhar de terno. Quer dizer, mais ou menos. Repensei alguns paradigmas (especialmente a falta de tempo para me exercitar) e comecei há algumas semanas a ir caminhando para o trabalho. São 3,5 km de distância, percorridos em cerca de 25 minutos. Claro que tive que criar uma logística para a coisa, já que seria impossível fazer esse percurso de terno e gravata, ainda mais no ritmo que estou andando. Vou de roupa para caminhada e ao chegar ao trabalho entro pelos fundos, tomo uma ducha e coloco um dos ternos que deixei por lá, em um remanejamento que faço sempre que vou de carro (dias de chuvas, por exemplo). Simples, econômico, ambientalmente correto e perfeito para minha saúde. Mesmo assim tive que ter coragem para adotar essa postura. Além de precisar explicar de vez em quando que mesmo de bermuda e camiseta estou indo trabalhar. Tudo porque o paradigma não é esse. E claro, mesmo indo de tênis, ao chegar coloco o terno o mais rápido possível. Imaginem se alguém me pega no fórum de bermuda?

   Sobre o paradigma da vestimenta jurídica, aliás, lembro-me de um caso que se contava quando ainda era estudante em Curitiba. Diziam que aconteceu na Justiça do Trabalho. Segundo conta a história, um advogado costumava ir às audiências de calça jeans e camiseta. Dizia que isso era importante porque atendia um público mais simples, como advogado de sindicato, de forma que para conseguir ter uma boa comunicação com os clientes precisava estar mais próximo deles em todos os aspectos. E nisso o tipo de vestimenta era fundamental. Pois bem, certo dia um magistrado observou a esse advogado que as normas processuais exigiam terno ou beca (aqueles trajes usados na formatura),  de forma que o magistrado indicou que no futuro o advogado deveria vir adequadamente trajado, caso contrário não seria admitido na audiência. O advogado não contestou se era legal ou não a exigência. Resolveu o problema facilmente. Continuou usando calça jeans, mas passou a trazer dentro de sua mochila uma beca devidamente dobrada. Quando precisava falar com o juiz ou participar de uma audiência vestia a beca. Com isso tudo se resolveu, pois o paradigma agora estava sendo seguido.

   É isso meus caros. Poderia falar em outros exemplos da vida diária. Mas o importante mesmo é que estejamos sempre atentos para perceber se aquilo que estamos fazendo no “piloto automático” de repente não poderia ser feito de uma forma melhor, mais fácil e produtiva. Quando penso nisso sempre me questiono se o nosso sistema de ensino não precisaria ser diferente. Quer dizer, nós, via de regra, aprendemos a repetir o que os outros dizem. Mas para a criação do novo há pouco investimento e espaço. E isso vai para além do ensino básico e graduação universitária. É algo que atinge mestrado, doutorado e até pós-doutorado. Evidente que conhecer o que já existe é muito importante. Mas também pode ser limitador, por não se buscar algo novo. Por isso precisamos primar por ampliar nossos conhecimentos, mas pensando sempre na possibilidade não só do aperfeiçoamento, mas especialmente de crítica e superação. Por exemplo, se Steve Jobs tivesse se limitado a aperfeiçoar o que já existia, teríamos hoje apenas computadores cada vez melhores.

Um grande abraço e até a próxima postagem,

Emmerson

3 comentários:

  1. É difícil, prezado Emmerson, quebrar paradigmas, mas as coisas acontecem quando se está com a mente aberta para o novo, para o inédito, para o experimento.

    Como o seu e-book gratuito "A arte da excelência"! Essa foi uma quebra de paradigma (digital e gratuito) comparado com o livro tradicional (em papel e oneroso). E nos serviu de inspiração!

    Abraço,

    Márcio

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  2. Não posso deixar de comentar essa postagem que, de fato, é a realidade e pouquíssimas pessoas param e pensam. Tenho 25 anos, trabalho desde os 16, agora estou sem trabalhar, resolvi ter um tempo pra mim e agora percebo como fazemos tudo igual aos outros, até mesmo naquelas atitudes mais simples. Parece ser fácil, mas é uma tarefa muito difícil, até mesmo porque acabamos preocupados com o modo de como a sociedade nos enxerga. Querendo ou não pensamos nisso, mesmo que seja ridículo. Os costumes, os hábitos deveriam sempre ser evolutivos, mutáveis, preservando assim a sua própria personalidade.

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  3. Márcio, seu comentário me fez lembrar de um detalhe importante: muitas pessoas pensam que quebrar paradigmas e inovar significa fazer coisas necessariamente grandiosas. E aí acham que isso não é para elas. Mas a verdade é que também nas pequenas coisas a mudança de paradigmas tem efeitos importantes. E isso está ao alcance de todos. O que temos de observar é que pequenas mudanças que se somam ao longo da vida geram efeitos grandiosos. É o exemplo do e-book "A arte da Excelência" ou de seu livro eletrônico gratuito "Juizados Especiais Federais" (www.juizadosespeciaisfederais.blogspot.com). Pequenas mudanças de paradigma. Mas com efeitos multiplicadores que a longo prazo poderão gerar resultados interessantes.

    Júlia, você está coberta de razão. A grande questão que surge de seu comentário é que devemos refletir sobre um dos grandes paradigmas do mundo moderno, que é conduzirmos nosso agir de acordo com o que os outros pensam que devemos agir. Algo paradoxal em tempos de tanta diversidade e liberdade. Acredito que quebrar esse paradigma seria se perguntar o que você quer da vida, aonde quer chegar, quais seus sonhos, objetivos, o que é realmente importante para você nesse mundo. E a partir daí orientar suas ações de acordo com suas próprias aspirações, como já referi em postagem anterior aqui no blog. Claro que isso não quer dizer que você irá ser desrespeitosa com os conselhos dos outros. Mas os ouvirá como elementos para reflexão. Se forem conselhos que lhe ajudam a evoluir em seus ideias, muito bom aproveitá-los. Se não lhe servirem, que sejam usados como elemento de confirmação de seus propósitos.

    Um abraço,

    Emmerson

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