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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Ainda vale a pena fazer o "bem"?

 Meus caros:

   Nesses dias tão difíceis que vivemos atualmente em nosso país, com notícias de corrupção por todos os lados e em todas as esferas, seja pública ou privada, muitas pessoas acabam se perguntando se vale a pena continuar fazendo a coisa certa, seguindo pelo caminho do bem. Muitos desistem, desiludidos. Não que passem necessariamente a integrar alguma quadrilha ou esquema de corrupção. Simplesmente deixam de pensar no coletivo e passam a pensar exclusivamente em si mesmos e nas pessoas que fazem parte de sua vida. Eventualmente, se surge alguma situação eticamente dúbia, que muitos chamam de pequenos atos de corrupção, acabam se convencendo que no meio de tantas coisas que estão acontecendo cada um precisa se defender como pode e assim seguem pelo caminho individualista, em que o certo e o errado muda seus limites conforme cada situação concreta vivenciada. Com isso perde muito a sociedade e surge um grande vazio social que permite o crescimento daquilo que não é bom e o ofuscamento das virtudes, do otimismo social e da confiança uns nos outros.

   Quando eu penso sobre isso tudo acabo sempre procurando fazer alguma analogia histórica para sabermos se no fim das contas estamos pior ou melhor que no passado. Nunca consegui chegar a uma conclusão razoável. Em certas coisas estamos melhores, em outras piores. Invariavelmente, contudo, lembro-me dos tempos de criança, das histórias dos Evangelhos lidas quando minha mãe me levava à missa, em que escutava o relato que o mundo na época passava por uma situação bastante semelhante ao que temos hoje, se olharmos sob o ponto de vista dos valores sociais e morais. Tanto que, pelos Evangelhos, Deus acabou enviando o próprio Filho para trazer uma luz para a humanidade.

   Pois bem, algo que me chama a atenção no relato dos evangelistas é que depois de tudo o que acontece na vida de Jesus, com a indicação de um caminho de salvação pela fé e boas obras, Ele é crucificado e morto. Ao Seu lado são crucificados 2 ladrões. Um deles, conta Lucas, zomba de Jesus e diz que se Ele é mesmo o filho de Deus deveria salvar os três da morte. Talvez tenha dito algo como: "você devia ter aproveitado que uma multidão Te seguia; se tivesse pedido dez reais de cada um pela refeição no dia do Sermão da Montanha ficava rico, dava um dinheiro para Pilatos e teria amplas condições de divulgar a Tua mensagem para um público cada vez maior; acabou sendo fiel ao que prega e deu nisso!" Mas o outro ladrão revelou respeito e fé em Jesus, pediu misericórdia e acabou perdoado, com a promessa de no mesmo dia estar com Ele no Paraíso.

   Aqui surge uma reflexão interessante que já ouvi de muitas pessoas. Elas dizem o seguinte: "viu como não vale seguir o caminho do bem? Se no final basta se arrepender e todos vão ser salvos então tanto faz, pois não é minimamente justo isso!" De fato, não parece ser justo. Como não parece justo a gente acordar todo dia e tentar fazer as coisas certas, procurar ajudar os outros, cuidar com carinho de todos que fazem parte da nossa vida e de repente vermos tantas coisas erradas sendo feitas, algumas vezes inclusive contra nós mesmos e talvez até pelas pessoas pelas quais tanto nos dedicamos. Como pode isso?

   É interessante, sobre esse assunto, que no Evangelho de Mateus Jesus conta uma parábola que muitas vezes me trouxe esse mesmo sentimento de injustiça, ao relatar que um homem contratou pela manhã pessoas para trabalhar em sua vinha por um denário, moeda da época. Durante todo o dia, desde cedo até por volta das 5 da tarde, foi chamando mais e mais pessoas para auxiliar no serviço e combinou pagar o que fosse justo, sem indicar um valor. No final do dia pagou a todos um denário, mesmo para os que iniciaram o serviço por último. Aliás, estes receberam em primeiro lugar, diz Mateus. Claro que isso causou uma certa revolta nos que trabalharam desde pela manhã, pelo sentimento de injustiça. Mas o dono da vinha disse que não havia injustiça porque pagou-lhes o que havia sido combinado, ou seja, um denário.

   Bom, já ouvi várias explicações sobre essa parábola, mas nunca tinha conseguido compreender esse senso de justiça divino. Até que um dia, em Curitiba, em um culto da Igreja Luterana, um Pastor mencionou algo que me pareceu interessante. Disse ele que a vinha é o projeto do Reino de Deus, que podemos, com as devidas ressalvas, universalizar para todas as crenças como o projeto de fazer o bem. Os trabalhadores somos todos nós. E o dia de trabalho é a vida inteira de cada um. Nesse ponto, quem começa a trabalhar nesse projeto mais cedo, logo de manhã, tem uma vida inteira envolvida pelo amor e pela alegria de participar de algo grandioso, que preenche a alma e a existência de significado e sentido. Quem chega no fim do dia também recebe a mesma recompensa de salvação, qual seja, encerrar a vida afinal encontrando paz de espírito e felicidade verdadeira. Mas quem esteve a vida inteira do lado do bem pode desfrutar dessa completude durante toda a sua passagem aqui pela Terra, o que vale muito mais que um denário. 

   Muito bem, essa é uma mensagem da qual sempre me lembro e sobre a qual vale refletir quando surge a dúvida sobre seguir fazendo a coisa certa. O que posso dizer, em relação à minha experiência pessoal, é que tenho sentido que fazer o bem tem me ajudado muito a encontrar significado, alegria e felicidade em minha vida. Tenho feito bons amigos, passado por muitas coisas positivas, conseguido minha realização pessoal e profissional e, acima de tudo, tenho o coração em paz. Claro que coisas ruins me acontecem, como acontecem com todas as pessoas, sejam boas ou más. Fazer o bem não nos traz imunidade contra os percalços da vida, ainda que eventualmente possa ampliar o espectro de proteção. Mas a fé e a espiritualidade, aplicadas de forma concreta na vida, em busca do bem das pessoas que consigo ajudar em minhas limitações como ser humano, ajudam-me imensamente a superar as dificuldades que enfrento. Para mim isso faz toda a diferença e traz motivação para assim continuar, mesmo em cenários com tanta desesperança, como os de hoje em dia.

   Por fim, para quem continua em dúvida sobre se ainda vale a pena fazer o bem, quero dizer que escrevo essa postagem em um momento difícil, em que minha mãe está em uma cirurgia delicada, enfrentando uma doença que é das mais implacáveis no mundo contemporâneo. Nesse momento, com o coração apertado, vejo claramente que de tudo o que minha mãe fez nessa vida o mais importante foi o bem que ela sempre fez a mim, a nossa família, aos seus amigos e especialmente às inúmeras pessoas que ela nem sabia exatamente quem eram ou são. Minha mãe dedicou sua vida a fazer o bem. E valeu a pena porque é isso que me deixa com o coração em paz nesse momento tão difícil. Saber que ela deixou o mundo um pouco melhor do que encontrou naquilo que era de sua possibilidade é algo reconfortante. Essa postagem é uma homenagem a ela. Obrigado mãe. Esteja sempre com Deus e continue cuidando de todos nós.

   É isso, meus caros. Um grande abraço e até a próxima, tentando sempre seguir pelo caminho do bem!

Emmerson Gazda
www.artedaexcelencia.blogspot.com 

PS: depois que escrevi essa postagem minha mãe ainda esteve conosco durante 43 dias. Foi um período difícil, mas de convivência muito intensa. Tive a oportunidade de ler essa mensagem prá ela e saber que ela gostou do que escrevi. Já perto do fim, nos momentos em que esteve acordada e pôde nos dizer alguma coisa, manteve sua fé em fazer o bem e ainda teve forças para deixar algumas mensagens que gostaria de compartilhar com todos. Disse-nos ela, entre outras coisas: “vocês precisam aprender a viver com simplicidade, meus filhos”; (,,,) “beleza, elegância, nada disso importa. Importa ser uma boa pessoa temente a Deus”; (...) “vocês devem morrer para as coisas para viver de verdade. Não se apeguem às coisas materiais”. (...) E a mensagem final: “vivam com Jesus. Tenham sempre Deus com vocês. Eu estou com Deus”.

3 comentários:

  1. Obrigada Emmerson! O que você escreveu me fez muito bem. Você é uma das pessoas que me fazem acreditar que vale a pena fazer o bem. Obrigada também por compartilhar as mensagens de sua mãe, que continua a zelar por todos, com carinho. Gisela.

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  2. Emmerso ,seu texto me alegra muito, assim como sua mãe onde estiver, deve sentir-se orgulhosa de seus ensinamentos serem atendidos.
    tambem acredito que fazer o bem... é o"O CAMINHO".
    Como meu pai dizia... e Madre Tereza de Calcutá escrevia em seus poemas muito bem..." Dê o melho de você sempre.. mas isso pode nunca ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo.Pois no final das contas..É entre voce e Deus."
    Um grande abraço de sua tia
    Etelmaris

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  3. Fiquem em Paz! Ela está com Deus. Sua mãe tocou a vida de muitas pessoas e sempre pelo Bem. Pelo Bem Maior. Meus sentimentos. Paz e Fé. Sempre.

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