Meus caros:
Nossos filhos não são nossos, são
do mundo. Quem de nós nunca ouviu essa afirmação? Mas você já parou para pensar
se concorda com ela? Confesso que era meio reticente em aceitá-la. Sempre
pensei o seguinte: “Ana é minha filha e se seu eu criá-la com todo amor e
carinho ela sempre vai querer ser minha”. Até que no último final de semana
participei de um retiro de casais com o tema criando filhos. A experiência foi
muito boa. Os ministrantes, Valdir Steuernagel, pastor luterano, e sua esposa,
Silêda Steuernagel, residentes em Curitiba-PR, contaram, entre outras coisas,
sobre os 4 filhos deles, hoje já maiores de idade, casados e vivendo cada um em
uma parte diferente do mundo.
Aí caiu a ficha e compreendi o significado de “os
filhos são do mundo”. Realmente minha filha nunca deixará de ser minha amada
Ana Carolina. Mas ela será do mundo. Ela vai crescer (aliás, já está
crescendo), vai assumir a direção de sua própria vida (aliás, já faz isso em
alguma medida), vai seguir seus próprios caminhos, fazer suas escolhas (que não
necessariamente eu vou achar boas escolhas), talvez ter sua própria família,
quem sabe filhos e por aí seguirá. Tudo sem que eu possa sequer escolher o
genro.
De fato não há nada que eu possa
fazer para evitar isso. Mais importante: não há nada que eu deva fazer para
evitar isso. Pelo contrário, o que me cabe como pai é incentivar essa autonomia,
é educá-la para criar independência e estar preparada para enfrentar todas as
dificuldades que as escolhas dela trarão, de forma que seja possível a ela
encontrar o sentido de sua vida e colher bons frutos na jornada.
Não se deve confundir isso com
educar o filho para que ele seja o que eu penso que ele deve ser e fazer. Isso até
funcionou no passado em algum momento, mas no mundo de hoje traz um espaço
imenso para frustração de ambas as partes (tanto do pai, quanto do filho). O
que é preciso é educar o filho para que ele possa ter o melhor ferramental
possível que lhe permita ser e fazer o que quiser na vida (não só
profissionalmente, mas especialmente como ser humano, como pessoa). É difícil,
como pai que ama sua filha, aceitar de forma tão precoce essa separação. Mas no
fim é a única opção que tenho porque, eu querendo ou não, minha filha vai ser e
fazer o que ela quiser. Mesmo que eu como pai queira escolhas diferentes.
Essa constatação não significa,
contudo, o esvaziamento de nossa importância como pais. Pelo contrário. Aumenta
a nossa responsabilidade na criação dos filhos. Isso porque o único momento que
temos para de alguma forma influenciar positivamente (ou negativamente) o futuro
de nossos filhos é o momento atual, enquanto eles ainda são pequenos. E não é
pouco poder de influência, considerando que, desde Freud, evidencia-se que
experiências vividas na infância, da concepção até por volta dos 12 anos de
idade, acompanham a pessoa pelo resto da vida dela. Então, ainda que não se
possa falar em um determinismo, é possível afirmar que a educação que cada um
der para seu filho vai ser uma diretriz que estará, de alguma forma,
influenciando o filho por toda a sua vida.
Pois bem, essa percepção de como
o momento atual é importante e como nós, como pais, temos um papel determinante
no futuro de nossos filhos é algo que nos coloca em certo conflito com a
sociedade atual, que gosta muito de terceirizar e delegar as coisas, inclusive
a educação dos filhos. Por isso nesse ponto temos uma escolha essencial a
fazer: vamos assumir o protagonismo na educação dos nossos filhos ou vamos usar
o modelo pronto de terceirizar para babá, creche, escola, avós, professores, ministério
infantil (na formação espiritual), colônias de férias, entre outras
possibilidades de repassarmos a educação dos filhos a terceiros? O resultado
dessa escolha é fundamental para definir quem e o que nossos filhos vão buscar
no futuro quando precisarem de ajuda. Não quero dizer com isso que babá,
escola, avós, ministério infantil e professores não sejam importantes. São elementos
chave em um mundo como o nosso em que, via de regra, pai e mãe precisam trabalhar
o dia todo para ter o sustento da família. Mas essas pessoas e instituições
devem ser nossos auxiliares. O protagonismo precisa ser dos pais (se essa for a
sua escolha). Precisa ser de cada mãe e cada pai em relação a seus filhos.
Visto isso, a questão agora é
saber como vamos fazer para exercer esse protagonismo na educação dos nossos
filhos? Essa é uma boa pergunta e evidente que não há uma resposta pronta para
ela. Mas existe uma palavra fundamental aqui para mim que é “relacionamento”.
Precisamos construir um relacionamento sincero, amoroso e presencial com nossos
filhos, no qual eles saibam que nós somos os pais e por isso conduzimos as
coisas nesse momento, mas ao mesmo tempo saibam que nós os amamos, que podem
contar conosco para o que precisarem, que estamos aqui para ajudá-los e que, na
medida em que forem crescendo, daremos mais espaço para eles poderem abrir suas
asas e voarem.
É fácil perceber que tudo isso
não se constrói de outra forma que não através da convivência diária, com o
estar juntos. Especialmente porque a criança aprende muito por imitação. Para a
criança, no início de sua vida, os pais (ou quem estiver nesse papel) são tudo.
Ao ponto da Ana Carolina dizer outro dia que só iria na apresentação da aula de
dança se a gente pudesse ir assistir. Porque para ela o teatro podia estar
cheio, mas o que importava mesmo era a mãe e o pai assistindo. Esse é o público
importante para ela. Então precisamos conviver com nossos filhos para ensinar,
para educar. Não dá para substituir isso por presentes e mimos porque presentes
e mimos não ensinam nada. Apenas atestam a ausência.
Agora, tem um problema nisso da
importância dos pais assumirem o protagonismo na educação dos filhos. O
problema é que se pai e mãe forem vazios de valores e espiritualidade, se a
vida da família não for harmoniosa e positiva, se não houver coisas boas e de
qualidade dentro de casa, os filhos vão aprender isso. Ou seja, não vai
adiantar nada porque o resultado com o protagonismo não será bom. Então não
basta estar presente. É preciso que estejamos alimentados com um bom conteúdo e
que tenhamos uma vida coerente com esse conteúdo para passar para nossos
filhos.
Por isso que, para quem acredita
em Deus, antes dos filhos deve estar, em primeiro lugar, a espiritualidade.
Deus é o ponto de partida. Ele é a força para a caminhada e especialmente o
conteúdo que os filhos precisam conhecer (através de ações concretas dos pais coerentes com os
valores que querem passar aos filhos). Para quem não tem nenhuma crença
espiritual penso que é preciso também buscar valores e algum alicerce que possa
sustentar a família além das coisas materiais. O imaterial é que alicerça a
vida, a meu ver.
Interessante observar, nesse
ponto, que depois de Deus (ou do fundamento imaterial para quem não tem fé)
deve vir o casal. Só depois do casal temos os filhos. Isso porque o casal
precisa ter uma vida prazerosa e harmoniosa (mesmo divergindo em alguns pontos)
para conseguir transmitir pelo modo de agir (lembre-se que o aprendizado é por
imitação) o que os filhos precisam aprender. Além disso, o casal não pode
esquecer que depois dos filhos partirem para o mundo a ideia é que continuem
juntos, animados pela riqueza que a experiência da criação dos filhos lhes
trouxe. O casal (no mundo ideal) existia antes dos filhos. O objetivo é que continue
a existir durante e também depois dos filhos (aqui já no mundo real). Essa é a
meta, diriam os gestores. Nem sempre é possível, mas é o plano e muitas vezes a
impossibilidade surge porque as pessoas se esquecem de manter o investimento no
relacionamento, colocando os filhos acima do casal. Por incrível que pareça isso é caminho certo
para prejudicar as duas coisas: casamento e educação dos filhos, já que uma
separação dos pais no meio do caminho sempre afeta o relacionamento com os
filhos.
Nesse contexto, uma coisa que
assume grande importância é a questão da definição dos limites. Todos já ouvimos
que a criança precisa e pede limites e que é papel dos pais definirem os
limites. De fato, a criança pede limites e cabe aos pais definir os limites.
Acho que não preciso falar mais sobre isso, certo? Todos já sabemos que deve
ser assim.
Bem, infelizmente não dá para
encerrar o assunto de forma assim tão simples. A gente sabe o que tem que
fazer. Mas o difícil não é saber, é fazer. Normalmente o que se pensa é que
definir limite é dizer o que pode e o que não pode. Estabelecemos os combinados
e os castigos. Se fizer o que não pode incide o castigo. Para quem é da área jurídica
dá para dizer que isso é como direito penal. As regras são essas, descumpriu
aplica-se a pena tal. O problema é que basta estudar um mês de direito penal na
faculdade para aprender que o direito penal não é eficiente para combater a
criminalidade. A certeza da punição no máximo gera o medo e por medo de ser
preso, ou seja, por meio da repressão, a pessoa não comete o ilícito. Mas se
ela tiver oportunidade de fazer a coisa sem risco de ser presa (ou seja, quando
a criança crescer) aí não há garantia de cumprimento das regras impostas. Então
é claro para mim que fixar limites é bem mais do que estabelecer regras,
combinados e castigos (ainda que em alguns momentos isso seja útil e necessário,
como veremos mais adiante).
Para compreender a amplitude
dessa questão precisamos primeiro entender o que é limite. Limite é algo que
estabelece uma separação entre dois espaços. Que espaços? Se usar o modelo do
direito penal seria o espaço entre o que pode e o que não pode. Contudo quando
falamos em relacionamento de confiança como forma de educação dos filhos
precisamos ter em conta que nenhum relacionamento baseado no envolvimento emocional
tem sucesso com a definição do que pode e do que não pode ser feito. Isso funciona bem em relações de autoridade, na qual um manda e
o outro obedece. Se adotado o modelo de autoridade com os filhos pode até dar
certo no início, quando as crianças são pequenas e a gente consegue fazer elas
ficarem sentadas magicamente no “cantinho da disciplina”. Mas na medida em que
a criança cresce chegam tempos mais complexos em que imposição já não funciona
mais. Aliás, há tempos tão complexos que às vezes nada funciona mais,
especialmente se não houve a construção de um vínculo emocional com o filho. Os
limites, portanto, não podem ser impostos porque para eles funcionarem a longo
prazo precisam ser plantados como sementes no coração da criança, de forma que
quando ela crescer os limites não serão mais nossos como pais, mas dela mesma
como pessoa.
Nesse contexto, portanto, definir
limites dentro de um conceito de relacionamento com os filhos não é dizer pode
e não pode. É muito mais do que isso. É delimitar dois espaços. Um primeiro
espaço de liberdade, no qual a criança pode agir de acordo com suas próprias
vontades, sem riscos além dos próprios da natureza de ser uma criança. Outro,
um espaço de não-liberdade, em que há elementos concretos e/ou de risco que não
permitem que a criança atue livremente ali. Não é um espaço no qual a criança
não possa ir necessariamente. Mas para ir lá pode precisar estar acompanhado
dos pais, pode precisar de autorização ou mesmo pode ser um espaço proibido por
conta da idade dela. O essencial, contudo, é que a criança, de forma simples,
entenda a razão da ausência de liberdade nesse espaço para que vá adquirindo a
competência de, no futuro, ela também poder olhar para uma nova possibilidade
em sua vida e conseguir fazer a escolha dela mesma. Na medida em que a criança
vai crescendo os limites da liberdade devem ir crescendo até que ela atinja a
maturidade para fazer suas próprias escolhas e aí terá como fazer boas
escolhas. Haverá um limite dentro dela construído ao longo da vida. Não que ela
não possa passar esse limite. Mas saberá que deverá analisar bem se é uma boa
ideia ir além. Não deixará, por exemplo, de experimentar drogas porque o pai
disse que é proibido e pelo medo da reprimenda dos pais. Mas porque terá dentro
de si a capacidade de saber que as drogas são um caminho tortuoso, difícil, de
muito sofrimento e muitas vezes sem volta.
Por isso tudo que definir os
limites é importante. De outro lado, pela necessidade dos limites serem
construídos na forma de espaços de liberdade e não liberdade, dentro de um
relacionamento de confiança e coerência, é que cabe aos pais a tarefa de ir
construindo e ampliando os limites junto com os filhos. Pois no fim das contas
só os pais (ou quem lhes faça as vezes) podem ter esse relacionamento sólido,
verdadeiro, continuado e de confiança com os filhos. Um relacionamento que
permite aos filhos irem sabendo o que podem fazer, quando podem fazer e com
quem podem contar para isso. Aliás, é na rotina do dia-a-dia que se estabelecem
os limites. Por isso que para as crianças ter rotina é muito importante (para
os adultos também, ainda que o mercado do consumo de experiências de vida venda
o contrário). No começo os limites são pequenos. Começa por ensinar, por
exemplo, que a noite foi feita para dormir. Depois vem o compartilhar, o
obedecer, ajudar em pequenas tarefas da casa, respeitar os outros, dizer as
palavrinhas mágicas, fazer o dever de casa e assim vão aumentando as
responsabilidades na medida que o espaço de liberdade vai ficando maior. Até o
momento em que o filho, já crescido, tem as competências necessárias para voar
sozinho, com os limites já dentro de seu coração.
Pois bem, muito bonito tudo isso.
Mas alguém pode dizer que o mundo real é diferente disso. Que esse negócio de
relacionamento é muito complicado, difícil e não funciona porque a gente não
tem tempo para isso e tem horas que não adianta conversar, o que funciona mesmo
é uma boa palmada, uma reprimenda em alto e bom som, com a imposição do castigo
e fim. Quem sou eu para discordar disso, ainda mais quando a pessoa apresenta
resultados concretos. Agora, o que eu fico me perguntando: será que isso
resolve realmente no médio e longo prazo? E principalmente: a que custo? É
claro que há momentos nos quais você precisa ser assertivo e as vezes até mais
duro com o filho, momentos nos quais a criança pede uma ação mais enérgica. Enfim,
há momentos em que é preciso ser assertivo, que a reprimenda mais dura precisa
existir. Mas registro algo importante: gritar e bater não vejo que seja bom em
momento algum. Dizem que quando um casal briga precisam gritar um com o outro
porque os corações estão tão afastados que não conseguem ouvir o que se está
dizendo. Na educação de uma criança se os corações estiverem afastados não vai
adiantar gritar e bater. É melhor a gente se acalmar antes, aproximar-se e ser
duro depois, se necessário, mas com ternura. Quando necessário é cabível aplicar
o modelo do castigo, o modelo da autoridade. Mas sempre sem perder o carinho e
o afeto. E sem abusar desse modelo.
Stephen Covey, no livro “Os 7
hábitos das pessoas altamente eficazes”, fala de uma coisa que ele chama de
conta bancária emocional. Nos relacionamentos essas contas são automaticamente criadas
e basicamente eu devo depositar valores nessa conta, quer dizer, fazer coisas
emocionalmente boas para a pessoa com a qual me relaciono. Para ter um
relacionamento saudável e feliz o que devo fazer é sacar menos do que deposito.
No casamento, por exemplo, brinco que os homens devem sacar no máximo 10% do
que depositam se querem ter alguma chance de felicidade. Mas não se animem
muito as mulheres, pois seu limite de saque também é pequeno e não deve passar
de 30%. Brincadeiras à parte, o fato é
que os depósitos devem superar em muito os saques para o relacionamento ser
positivo porque ninguém se relaciona com os outros para apenas empatar.
Queremos muito mais do que um empate em nossas vidas emocionais. E nossos
filhos também são seres humanos e por isso existe uma conta bancária emocional
nossa com eles. Então temos de depositar amor, carinho, presença, enfim, coisas
boas emocionalmente, para que quando precisarmos fazer um saque, ou seja, sermos
duros e autoritários, termos créditos. E devemos sacar bem menos do que
depositamos porque não há relacionamento saudável e feliz sem um bom saldo
positivo na conta bancária emocional. Então vamos ser duros quando é
necessário. Vamos ser pais que as vezes precisam exercer a autoridade. Mas
vamos também amar nossos filhos, de forma que o saldo negativo na conta
bancária emocional não faça com que eles se afastem de nós no longo prazo. Até porque não podemos esquecer que como pais
vamos errar muitas vezes. É natural que isso aconteça. Somos humanos. Cada erro
é um saque na conta bancária emocional. Então precisamos de créditos também
para os erros. Lembrando que um pedido de desculpas nesses casos, além de ser
um ensinamento aos filhos, pode
significar um depósito.
Para concluir esse artigo eu
quero dizer, ainda, que cada pessoa nasce diferente na forma física. Essa mesma
diferença física existe no plano emocional. Cada criança nasce emocionalmente diferente
da outra. Pela teoria dos tipos psicológicos existem pelo menos 16 tipos
psicológicos básicos diferentes de pessoas. A psicologia mostra que cada um
desses diferentes tipos psicológicos tem preferências distintas na forma de ver
e viver a vida. Então nossos filhos podem parecer conosco, mas são diferentes,
tanto física, quanto emocionalmente. Dois filhos podem ser parecidos, mas à
exceção dos gêmeos iguais, eles são diferentes na genética emocional (então
atenção porque nem sempre o que funciona para um filho funciona para o outro).
Quando uma criança nasce esse conteúdo genético emocional único dela não está
preenchido com nenhuma experiência. É como se fosse um copo vazio. Até mais ou
menos os 12 anos de idade esse copo é preenchido quase que totalmente pelas
experiências que ela vai passar, em ciclos de importância até os 2, 7 e 12 anos
de idade, segundo alguns estudos importantes de psicologia.
O certo, meus caros, é que de
alguma forma esse copo vai ser preenchido, quer queiramos ou não, quer
participemos disso ou não. O que coloco, assim, a título de conclusão final, diante
de tudo o que foi dito, são 3 perguntas para reflexão: 1) Quem você quer que
preencha o copo emocional de seus filhos? 2) Com que conteúdo você quer que
seja preenchido? 3) De que forma você quer que seja preenchido? Da resposta a essas 3 perguntas depende a
escolha que você vai fazer e as ações que precisa adotar para bem educar seus filhos.
A resposta é evidentemente
pessoal, mas eu gostaria de pedir licença para compartilhar minhas respostas
nessa mensagem, dentro daquilo que acredito e que me move. Respeito os que
pensam diferente, que acreditam diferente. O objetivo não é convencer ninguém,
apenas compartilhar. Nesse contexto, para a primeira pergunta, sempre disse que
quem eu gostaria que preenchesse o copo emocional da minha filha seriam “minha
esposa e eu”. Até que no retiro que mencionei no início o pastor Valdir disse o
seguinte: “educar um filho com valores espirituais não garante nada em termos
do futuro dele; a única garantia é a graça de Deus”. Fiquei pensando sobre isso
e parece-me que ele tem razão. Mesmo fazendo tudo certo na educação da minha
filha não há garantia nenhuma que não irá fazer escolhas que a levarão para
caminhos tortuosos. A vida é muito complexa para fazermos sempre as escolhas
certas, mesmo tendo bem definido dentro de nós os limites dos valores nos quais
acreditamos. Somos facilmente influenciáveis pelos outros, pelo momento da
vida, por alguma desilusão, enfim, por uma série de circunstâncias e situações.
As vezes um minuto de bobeira pode ser suficiente para um bom tempo de
sofrimento. Nossos filhos não estão imunes a isso. São também humanos. Por isso
mudei minha resposta inicial para a primeira questão. Hoje quem eu quero que
preencha o copinho emocional da minha filha é Deus, através da minha esposa e
de mim. Mudança aparentemente sutil, mas importante na essência, porque torna
fundamental que a gente aprofunde nossa espiritualidade. E qualquer que seja a
dificuldade no futuro Deus sempre será nossa esperança.
Já quanto ao conteúdo, a resposta
é a mesma de sempre. Quero que seja com o que possa melhor preparar minha filha
para o que a vida vai lhe apresentar de desafios no futuro, tanto no plano
pessoal, quanto espiritual e profissional.
Por fim, quanto à forma, sem dúvida nenhuma com muito amor. Como disse Silêda, esposa do pastor Valdir, no retiro: “só o
amor traz um filho que se perdeu pelo caminho de volta para casa. Então ame,
ame e ame”. De fato, nenhum filho vai buscar o refúgio dos pais quando se
encontrar perdido na vida se, ao olhar para a experiência que tinha em casa,
lembrar de um ambiente hostil e inseguro. O filho vai buscar um ambiente de segurança
e acolhimento. Só o amor traz isso.
Acredito, portanto, que se educar
minha filha com os limites que ela precisa, em um ambiente no qual reine o amor,
ela terá sempre uma casa para voltar. E isso mesmo que eu não esteja mais aqui
nesse mundo. Porque essa casa não será um lugar físico, mas algo que estará
sempre dentro do coração e da alma dela. Algo como descreveu Richard Bach no
livro “Longe é um lugar que não existe”. E sempre que ela voltar para casa
poderá experimentar novamente a graça de Deus na vida dela, renovando a
esperança da vida.
Um abraço, a todos. Para Ana
Carolina um beijo com muito amor.
Emmerson Gazda
www.artedaexcelencia.blogspot.com.br
PS: quem quiser saber um pouco mais sobre os tipos
psicológicos e essa questão do preenchimento dos “copinhos” emocionais sugiro a
leitura do capítulo 8 do e-book “A arte da Excelência”, que se encontra
disponível gratuitamente no blog “A arte da Excelência”. Aliás, uma boa
sugestão é ler o livro todo, rsrsrs.
Meu caro Emmerson,
ResponderExcluirMais uma vez, parabéns por esta bela e profunda reflexão.
A educação dos filhos é uma arte. E é uma arte difícil de executar diante de tantos desafios da vida moderna, da influência da televisão, dos esportistas e artistas atuais (de duvidoso caráter) que são ídolos da garotada etc.
Concordo com você que o que fará diferença na vida dos nossos filhos é Deus! Que eles saibam que nunca estarão sozinhos neste mundo cruel e injusto, porque estão sob a proteção divina. E quando caírem, que levantem; sempre! Temos que nos fortalecer, ser resilientes, porque o mundo é duro. Deus fez o mundo e o alugou para os valentes!
Vejo que a maior dificuldade da juventude é lidar com a frustração. Temos que ensinar aos nossos filhos que ao sofrerem decepções na vida que a dor faz parte dela, mas o sofrimento é opcional. Que a pessoa mais rica não é aquela que mais acumula bens, mas sim aquela que precisa de menos coisas para viver bem. Após sentir o golpe e a dor, levantar e seguir em frente. Não ficar se lamentando, procurar ver o lado bom do episódio frustrante, o que se pode tirar de lição positivo daquilo. Buscar apoio nas pessoas que amam. Reconhecer que o mundo ideal não existe. Dar tempo para que a dor seja curada. As coisas ruins passam e as coisa boas também passam; diz o provérbio: Não há bem que dure sempre; nem mal que nunca se acabe. Ter fé em Deus, porque Ele nos permite as dores para que cresçamos, como se lapida uma pedra preciosa bruta até ela se tornar num diamante brilhante. Temos que ensinar aos filhos: Seja forte, seja positivo e siga em frente!
O caminho de Deus é perfeito. Muitos vezes reclamamos aos céus que precisamos dar uma enorme volta para atingir o nosso objetivo. Na verdade, Deus nos faz dar uma volta maior para não cairmos no precipício que existia no caminho mais curto, na armadilha do atalho.
Os nossos filhos devem fazer tudo que lhes compete para alcançar os seus objetivos como se tudo dependesse deles, e rezar como se tudo dependesse de Deus!
Se conseguirmos incutir no coração dos nossos filhos os princípios cristão, isto será a pedra angular na vida deles.
Os nossos filhos precisam saber desde pequeninos que todo ato tem consequência, para o bem e para o mal. Se eu estudo irei bem na prova; se fico só no celular irei mal na prova; se escolho amigos que tem bons valores, ;terei momentos de diversão saudável; se escolho amigos que bebem, fumam, fazem arruaças e brigas, utilizam drogas, provavelmente me meterei encrencas, prejudicarei a minha saúde, terei problemas com a polícia e a justiça.
E que toda escolha implica uma renúncia (não posso ser juiz e querer advogar; não posso ser drogado e ter uma vida normal; não posso ser casado e levar uma vida de solteiro nas baladas).
Nós, como pais, temos que ser o porto seguro dos nos filhos. Temos que deixar claro, falar com todas as letras: Filho, você sempre pode voltar para casa, para ter acolhida, apoio, afeto, segurança, refúgio! Você sempre será recebido de braços abertos! Aconteça o que acontecer, você sempre será o meu filho e eu sempre te amarei. Principalmente os adolescentes precisam escutar essas declarações de amor: Filho, qualquer que seja o curso que você escolha no vestibular eu estarei ao seu lado e sempre te amarei. Filho, qualquer que seja o resultado o vestibular (ou do concurso público) eu estarei ao seu lado e sempre te amarei.
Enfim, a vida é complexa e nada disso ou tudo disso garantirá a felicidade dos nossos filhos. Porém, as chances dos nossos filhos terem sucesso aumentarão significativamente se eles tiverem uma sólida base de educação familiar.
E é claro que o nosso exemplo vale mais do que mil palavras aos nossos filhos. Eles sempre estão atentos (eles tem um radar, mesmo aparentando não estar prestando atenção) para verificar se aquilo que dizemos é o que realmente fazemos na prática.
No mais, é rezar, rezar e rezar para que Deus proteja os nosso filhos!
Existe o nosso tempo e existe o Tempo de Deus, que em regra é mais demorado, porque nos exige crescimento, aprendizado, garra, união com a família.
ResponderExcluirUm forte abraço,
Márcio