Meus caros:
Semana passada minha esposa fez aniversário e ganhou de presente um DVD do John Mayer, “Live in Los Angeles”. Para quem não conhece, John Mayer é um músico americano, ainda com seus 30 e poucos anos (nasceu em 1977), que se destaca tocando violão/guitarra e por ter uma série de composições e uma voz bastante agradáveis. Iniciou a carreira no pop, mas depois misturou rock, blues e um pouco de jazz em suas músicas, o que deu um toque todo especial a sua musicalidade, gerando comparações, por exemplo, com o inigualável Eric Clapton.
Pois bem, falo de John Mayer porque ao assistir o DVD de seu show uma coisa bastante interessante chamou-me a atenção logo de início: o fato dele utilizar o polegar da mão esquerda para extrair som da sexta corda do violão (a mais em cima, bem grossa).
O leitor que nunca tocou violão na vida deve estar se perguntando: o que isso tem de tão extraordinário? Bem, do ponto de vista físico não é nada demais. Mayer tem a mão e os dedos grandes, de forma que é algo natural para ele alcançar a sexta corda do violão. Então nada mais lógico que tirasse proveito disso, certo?
A grande questão é que qualquer um que inicie o estudo de violão irá aprender que a técnica correta de segurar esse instrumento é apoiar o braço do violão sobre o polegar da mão esquerda (para os destros), sendo que em hipótese alguma o polegar deverá ser usado para prender a sexta corda. Mas John Mayer faz isso. E como faz bem!
Essa constatação fez-me pensar que durante tantos anos em que brinco de tocar violão sempre me preocupei por não conseguir deixar o polegar em seu lugar certo, atrás do braço do violão. Como Mayer, tenho a mão um pouco grande e não era confortável executar a técnica considerada correta. Ver o DVD trouxe-me, assim, duas conclusões.
A primeira, e mais óbvia, é que não preciso ficar tão preocupado com a posição do polegar da mão esquerda ao tocar meu violão. Está certo que isso não me fará tocar como John Mayer. Mas quem sabe me anima a aprimorar um pouco minha capacidade de extrair um som interessante do instrumento. Em síntese, percebi que a preocupação com a forma não pode ser tal que impeça de melhorar o conteúdo.
A segunda, fruto de alguma reflexão, é que nem sempre apenas adotar a técnica correta nos levará ao topo. Claro que saber a técnica é importante. Mas em algum momento precisamos abrir espaço para a criatividade, de maneira a incorporar na técnica os nossos diferenciais. Isso tornará a execução da tarefa algo único. E por consequência nos tornará imprescindíveis na sua realização.
No exemplo do John Mayer, certamente ele domina a técnica como ninguém. Mas tem muitos outros que também dominam a técnica. O diferencial é que ele tem um jeito só dele de tocar, que dá um sabor especial a sua performance musical. Ao tocar a sexta corda com o polegar ele correu riscos de ser criticado. Mas o resultado provou que seguiu pelo caminho certo.
A conclusão, portanto, é que devemos estar atentos à técnica. Estudá-la e dominá-la como ninguém. Mas ela não pode nos impedir de seguir adiante, já que existe para permitir o aprimoramento e não para aprisioná-lo. Ao mesmo tempo, a partir de um momento em que já dominamos a técnica, temos de investir nos nossos diferenciais, nas nossas qualidades e estilo próprio que farão a diferença no resultado final. Do contrário continuaremos como muitos que têm grande conhecimento, mas na verdade quase tudo o que sabem é apenas repetir o que já é conhecido.
Um abraço e até semana que vem,
Emmerson Gazda
www.artedaexcelencia.blogspot.com
Prezado Emmerson,
ResponderExcluirRealmente, deve aprender os caminhos existentes, mas depois podemos abrir trilha para um novo caminho.
Abraço,
Márcio
Ola. Estou muito feliz com a sua visita ao meu blog. Muito obrigada pelos comentários e dicas, foi o que eu imaginei, estava na hora da tal “pausa”. Vamos ver o que acontece. E com certeza estou na expectativa do trailer, assim poderei fazer uma nova explosão na divulgação. Por hora estou trabalhando, trabalhando e trabalhando.
ResponderExcluirObrigada novamente e volte sempre.
Caro Emmerson,
ResponderExcluirFoi uma ótima analogia, temos sim que nos lembrar de que não existem fórmulas únicas e incontestáveis para alcançarmos um resultado, pois somos diferentes e podemos trilhar caminhos diferentes para conquistar o mesmo.
Mas como bom fã de John Mayer que também sou preciso abrir espaço para um comentário.
A utilização do Dedão da mão esquerda não é uma assinatura de John, a grande maioria dos guitarristas de blues usa essa técnica inclusive Clapton que foi citado pro você! O diferencial de John, acredito que seja a facilidade de unir o passado com o presente, da mesma forma que Stevie Ray Vaughan fez nos anos 80. John colocou o Blues em evidência unindo sua essência a musica pop. Trouxe uma velha forma de tocar guitarra de forma única e sons agradáveis.
Gostei muito de seu texto, é um ensinamento pra vida e serve muito bem para qualquer profissional.
Grande Abraço.
Caico.
Caico,
ResponderExcluirObrigado pela observação. Realmente bem lembrado que utilizar o dedão da mão esquerda não é exclusividade do John Mayer. Aliás, não sabia que essa é uma característica dos guitarristas de blues. Vou rever os DVD's do Clapton e do B.B. King que tenho porque até então não tinha notado isso. Muito bom. De qualquer modo ao vê-lo tocar isso me chamou a atenção. Talvez porque a mão dele é grande ou porque ele usa esse diferencial, como chamei no texto, de uma forma muito interessante. Dá toda uma plástica e uma sonoridade muito legal. Mas vale seu registro.
Um abraço,
Emmerson