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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Prá você é fácil!

 Meus caros,
 
   Depois que passei no concurso de Juiz Federal ouvi em muitas oportunidades, quando conversava sobre como era possível para qualquer um obter a aprovação, a seguinte frase: “prá você é fácil, você é inteligente!” Nunca discordei da questão da inteligência, pois acredito que de fato todos somos inteligentes. O que me deixava reflexivo era a limitação do início da frase: “prá você”.
 
   O tempo passou e fazia um bom tempo que não tinha ouvido mais essa expressão. Até que resolvi fazer uma dieta. Precisava eliminar cerca de 10 kg, que adquiri depois do nascimento da minha filha. Elaborei um programa de reprogramação alimentar (com substituição de sucos, refrigerantes e outras bebidas por água e consumo de calorias diárias de acordo com meu metabolismo basal, conforme orientação médica), voltei para a academia duas vezes por semana e intensifiquei a prática do que chamo de “caminhada urbana” (ou seja, deixar o carro em casa e fazer as coisas da vida diária a pé, o máximo possível). Com isso e muita determinação consegui, em cerca de 2 meses, atingir meu objetivo. Agora estou na fase do controle, em que nas refeições do dia-a-dia como de forma equilibrada, com direito a comer de forma livre nos finais de semana e ocasições especiais. Foi então que escutei novamente o “prá você é fácil”. Nesse caso porque sou alto e por isso perderia peso mais rápido, segundo o interlocutor.
 
   Fiquei pensando sobre isso e lembrei-me de várias entrevistas do jogador de basquete Oscar Schmidt. Ele arremassava a bola dos 3 pontos como ninguém no mundo. Graças a seu arremesso certeiro recebeu o apelido de “mão santa”. Esse apelido o deixava intrigado. Porque o acerto de seus arremessos era fruto de muito trabalho. O que Oscar fazia para acertar tantos arremessos era treinar. Depois que todos os jogadores iam embora do treino ele ficava lá arremessando. Pelo menos mil arremessos por dia. Era daí que vinha a “mão santa”.
 
   Pois bem, de tudo isso extraio duas reflexões importantes. Uma do lado de quem diz que para o outro é fácil. Outra pelo lado de quem recebe essa informação. Quanto a quem diz “para você é fácil”, penso que mais interessante seria mudar o enfoque da coisa. Ao invés de pensar de forma negativa, olhando para o outro com alguém com qualidades superiores, seria mais produtivo pensar de forma positiva, vendo no outro um semelhante que lhe dá a certeza de que é possível atingir um grande objetivo quando ele é fixado.
 
   Claro que cada um terá aptidões mais desenvolvidas para uma coisa ou outra. Mas ninguém é bom ou ruim em tudo. A verdade é que todos temos qualidades e deficiências que, na média, tendem a se equibilibrar. Pensar de forma positiva conduz a um estado de confiança e motivação para se espelhar no exemplo do outro e, assim, conseguir seu próprio sucesso.
 
   Com isso o discurso muda. Ao invés da pessoa pensar e verbalizar “para você isso é fácil”, passará a pensar e dizer algo como: “nossa, que legal esse seu resultado, o que você fez para conseguir algo tão difícil?” Quer dizer, o enfoque passa a ser o de aprendizado e confiança. A alegria pelo sucesso do outro reflete especialmente a alegria de saber que aquilo é possível de ser feito. E a pergunta subseqüente faz com que se consiga reunir de imediato as experiências que o outro passou para alcançar o objetivo. Experiências essas que nem sempre serão a formula geral do sucesso. Mas que pelo menos mostram um bom começo do caminho das pedras.
 
   Essa alteração de discurso geral tem ainda um efeito reflexo interessante: o interlocutor, ao invés de sentir diminuído seu trabalho pelo “para você é fácil”, fica feliz pelo reconhecimento que lhe é conferido. E com isso certamente abrem-se novos espaços no relacionamento interpessoal.
 
   Por outro lado, para quem ouve o “prá você é fácil”, muitas vezes ocorre da pessoa ficar chateada pela desvalorização de seu esforço. Contudo, penso que também é mais interessante processar essa informação de forma positiva. Ao invés de tentar ficar mostrando como foi difícil, é mais oportuno reforçar para o outro a ideia de que toda realização tem suas dificuldades, mas o importante é estar determinado e ir atrás dos seus objetivos. Olhar para os pontos fortes e investir neles, não se deixando contaminar pelo conceito de que realizar grandes projetos é para poucos “iluminados”.
 
   Outra atitude positiva interessante é utilizar essa informação sobre a qualidade que lhe atribuem, como elemento facilitador das coisas para você, como uma ferramenta para reforçar sua própria programação mental. Vejam bem: gosto de ler artigos sobre pesquisas feitas com medicamentos e com placebo, que é uma pílula sem efeito medicamentoso nenhum. Nessas pesquisas revela-se que um grande percentual de pessoas que toma o placebo (exemplo: pílula de farinha) tem o mesmo resultado no tratamento de quem toma o medicamento. É o chamado efeito placebo, que demonstra que a mente humana tem grande importância em qualquer tratamento que seja feito. Então aproveite para reforçar sua confiança na qualidade que esse tipo de feedback lhe traz. Melhor que ficar chateado com o aspecto da facilidade. Mas claro, tome cuidado para não ficar envaidecido pela qualidade apontada. A prática mostra que a vaidade tende a eliminar os efeitos da qualidade existente.
 
   É isso, meus caros. Voltando aos exemplos que dei no início posso dizer que hoje, quando escuto um “prá você é fácil”, tento mostrar que essa facilidade existe para todos. Basta vontade, determinação, dedicação. Simples assim. E se dizem que sou inteligente, então confio cada vez mais na minha inteligência, procurando desenvolvê-la e usá-la. E se dizem agora que é fácil para mim emagrecer porque sou alto, vou confiar nisso e seguir firme no controle do peso, mantendo a afirmação mental de que perder peso não é complicado para mim. Acredito que também Oscar Schmidt, ao ganhar o apelido de “mão santa”, passou a acreditar cada vez mais em seu arremesso. Claro que continuou treinando. Mas com uma confiança que o fez jogar até os 40 anos de idade, sempre sendo o líder de pontos nas partidas. A ele minhas homenagens e reconhecimento por todos os feitos que alcançou em sua carreira. Se quiser saber mais sobre Oscar Schmidt acesse www.oscarschmidt.com.br.

Um grande abraço,

Emmerson Gazda

www.artedaexcelencia.blogspot.com

2 comentários:

  1. Sr. Dr. Emmerson,

    Gostaria de saber como eram suas notas na faculdade. As notas baixas nos deixam desanimados e com isso pensamos que talvez não vai certo.

    Sds
    Júlia Reiter

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  2. Júlia, as notas são um indicativo de resultado. Uma forma de tentar medir conhecimento. Nem sempre elas refletem a realidade. Mas também refletem. Em um concurso, por exemplo, são o que importam, pois definem aprovação ou não. O que se precisa fazer é utilizar esse referencial como um feedback, como uma amostra de que eventualmente formas de pensar e agir precisam ser redefinidas. Nem sempre é falta de estudo. As vezes é questão de método, de estratégia. Ou mesmo falta de motivação para aquela área do conhecimento.
    Dou um exemplo pessoal. Minha irmão tem 2 anos menos que eu. Estudamos na mesma escola no ensino médio e na mesma faculdade de Direito. Tivemos muitos professores em comum. No ensino médio eu não era um aluno muito dedicado. Estava interessado mesmo em jogar basquete. Estudava só para passar, notas e frequência no limite, exame final várias vezes. Aí todos os professores diziam para minha irmão, quando descobriam o parentesco: "espero que você não seja como seu irmão!" Na faculdade eu mudei o foco. Estava motivado e disposto a aprender o Direito. Resultado: boas notas. E minha irmã passou a escutar: "espero que você seja como seu irmão!" Mas não era por acaso ou genialidade. O fato é que quando eu não estudava o suficiente, mesmo na faculdade, vinha sempre uma nota baixa.
    Notas baixas, como você pode ver, não significam que você não vai conseguir. Mas mostram que você precisa encontrar a forma de melhorar seu desempenho. Não propriamente para a faculdade, em que lhe basta passar Mas para realizar seus objetivos profissionais. Ainda da faculdade lembro de um colega que tinha as piores notas da turma. No último ano ingressou na escola do Ministério Público. No Paraná era permitido fazer o concurso para Promotor contanto que o grau fosse colado antes da data marcada para a posse. Pois mesmo estando entre as piores notas da turma ele foi aprovado para Promotor ainda no último ano da faculdade. Se você visse o histórico escolar dele diria que não passaria nunca em um concurso. Contudo foi um dos primeiros da turma a passar em um concurso dos mais desejados. Claro que não foi por sorte. Deve ter estudado muito. Mas mostra que as notas na faculdade não são determinantes do sucesso ou insucesso futuro.
    Existem vários exemplos como esse. Tenho um amigo Juiz Federal que não passou no concurso de Técnico Judiciário do TRF4, ainda na época que era um concurso bem mais fácil que hoje. Aí botou na cabeça que iria passar no concurso de Juiz Federal seguinte. E conseguiu, cerca de 1 ano e meio depois, estar na lista dos aprovados em um concurso infinitamente mais difícil do que havia reprovado.
    Uma coisa é certa: todos temos dúvidas se conseguiremos ser bons o suficiente para chegar aonde queremos. Existem os que tentam até conseguir e assim provam para si mesmo que tinham a capacidade para ir além de seus limites. E existem os que desistem no meio do caminho e assim provam para si mesmos que tinham razão, que aquilo não lhe era mesmo possível.

    Um abraço,

    Emmerson Gazda

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