O blog "A arte da Excelência" foi criado para dar continuidade às ideias do e-book de mesmo nome publicado em 18/05/2011. O download gratuito do livro "A arte da Excelência" e outros conteúdos de destaque permanente estão logo abaixo, no lado direito da página. Para ser informado das novas postagens do blog cadastre seu e-mail ou curta nossa página no Facebook. Para entrar em contato conosco escreva para artedaexcelencia@gmail.com. Um grande abraço e viva com Excelência!

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Qual a importância da busca pelo "flow" ou "estado de fluxo"?

 Meus caros:

   Na postagem de hoje vou falar um pouco sobre flow ou "estado de fluxo", na tradução para o português. Segundo a wikipédia flow "é um estado mental de operação em que a pessoa está totalmente imersa no que está fazendo, caracterizado por um sentimento de total envolvimento e sucesso no processo da atividade". O conceito foi proposto na década de 1970 pelo psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi, PhD e professor universitário nos Estados Unidos.

   O conceito de flow tem sido aplicado em diversas áreas. Trazido para o ambiente da realização profissional, por exemplo, traduz um estado produtivo decorrente de experiências ótimas de fluxo de trabalho, em que há um perfeito equilíbrio entre a capacidade de produção e a quantidade, qualidade e intensidade dos desafios que são lançados. No flow existe um trabalho feito em harmonia, com alta excelência, motivação, concentração, energia e empenho, o que leva a um resultado acima da média, apesar do volume do trabalho eventualmente ser superior à média. Interessante notar, sob a ótica de uma gestão com foco no ser humano, que as experiências de flow no trabalho geralmente são associadas a momentos de grande satisfação com a atividade desenvolvida, uma vez que leva à plena realização profissional. A partir disso pode-se dizer que trabalhar em estado de fluxo é bem mais recompensador, mesmo em relação às situações em que a demanda é inferior a capacidade da pessoa em realizar as tarefas. Essa situação parece contraditória porque as pessoas em geral tem a crença que o trabalho será melhor quanto menos lhe for exigido, ou seja, quanto mais leve seja a carga de trabalho. Mas os estudos acerca do flow mostram que desafios baixos em comparação com a capacidade das pessoas não conduzem à satisfação e sim ao tédio e acomodação. Da mesma forma desafios muito acima da capacidade geram ansiedade e preocupação. Isso em qualquer área da vida, não só no trabalho. Nesse contexto, o equilíbrio entre capacidade e exigência, uma das características que gera o flow no trabalho (e na vida como um todo), é que leva a um estado excelente de desenvolvimento e satisfação profissional (e pessoal), gerando, como efeito colateral positivo, resultados acima da média. Os mesmos princípios valem para todos os setores das nossas vidas, podendo ser aplicados nas relações familiares, nas práticas esportivas ou no exercício de uma habilidade musical, por exemplo. 

   Muito bem, evidente que estou sendo reducionista na análise do tema ao abordá-lo em tão poucas linhas, mas o que quero fazer com essa breve e sintética introdução ao conceito de flow é chamar a atenção para a importância de encontrarmos um ponto de equilíbrio em nossas vidas, no qual tenhamos o desenvolvimento de habilidades em paralelo com o proporcional aumento das demandas que nos são exigidas. Isso torna relevante estarmos atentos ao fato de que para atingir o flow não basta desenvolver ao máximo nossas potencialidades. Se isso não for acompanhado da dosagem correta na definição de desafios, que estejam à altura do que podemos fazer, e de acordo com o que aspiramos fazer, o aumento da nossa capacidade pessoal pode ser frustrante. De um lado, com desafios baixos ou diferentes das nossas aspirações, haverá subaproveitamento, que vai gerar tédio e ao longo do tempo criar um ciclo de acomodação e relaxamento. Por outro lado, ir assumindo responsabilidades e compromissos acima da nossa capacidade ou fora de nossas aspirações levará a caminhos de preocupação e ansiedade. Isso é muito comum acontecer nos dias de hoje quando a pessoa não busca aperfeiçoamento (e aí o problema é que as demandas acabam ficando muito complexas com o tempo), não gosta daquilo que faz (e aí as demandas estarão sempre em descompasso com as habilidades) ou justamente quando a pessoa busca aperfeiçoamento, gosta do que faz e em razão disso, especialmente quando começa a ter reconhecimento, acaba assumindo compromissos acima de suas capacidades físicas. Nesse caso é possível que a pessoa passe antes por um período de flow e por estar tão motivada acabe indo além dos limites de equilíbrio, o que é prejudicial no médio e longo prazo. 

   Por isso a busca dos elementos que levam a um estado de fluxo são de suma importância na realização pessoal e profissional. Na medida em que conseguimos desenvolver nossas potencialidades e ao mesmo tempo ter um nível de desafios que seja o mais exatamente possível proporcional a essas potencialidades teremos condições de viver em flow, encontrando exato equilíbrio entre aquilo que queremos na vida e aquilo que podemos oferecer para a vida. 

   Evidentemente que não é fácil encontrar esse ponto de equilíbrio. Na teoria é algo muito simples, mas na prática é complexo. Contudo algumas atitudes diárias podem nos ajudar nessa tarefa. Nesse contexto, muitos de nós acreditam que a felicidade na vida vai existir quando puderem estar sentados na beira da praia sem fazer nada. Evidente que se isso acontece em um tempo de férias e descanso será motivo de felicidade. Mas se isso for uma constante pode ter certeza que em pouco tempo você ficará aborrecido e poderá ficar até deprimido por não ter nada para fazer. Então a sugestão é mudar sua visão das coisas e perceber que a satisfação virá não com o ócio absoluto, mas quando você encontrar algo que conduza por um caminho de realização de suas potencialidades no exato limite que elas existem. E dentro de um ciclo de melhoria contínua não se esqueça de que aquilo que está bom sempre pode melhorar. Não estou dizendo que você precisa trabalhar para se realizar. Essa é outra discussão. Estou dizendo que precisamos desenvolver nossas potencialidades e encarar desafios à altura dessas potencialidades. Isso pode acontecer no trabalho, mas também de outras formas. 

   Já para as pessoas que estão no lado reverso da moeda, trabalhando ou envolvidas em atividades com intensidade máxima, acima de seus limites e não conseguindo deixar de lado qualquer tarefa para aproveitar algumas outras coisas que são importantes na vida, a sugestão é diminuir um pouco o ritmo, definir aquilo que é prioridade e encontrar o ponto exato de equilíbrio que pode levar ao flow

   Enfim, é interessante como essa questão do flow é algo tão simples do ponto de vista conceitual, mas tão complexo do ponto de vista de ser alcançado. Talvez, na prática, seja apenas um ponto ideal que dificilmente se concretiza com frequência. Mas ter o flow como um norte é algo que me parece bem importante para conseguir resultados positivos no plano pessoal e profissional a longo prazo. 

   Vou concluir dando um exemplo sobre o que estou falando na área dos esportes. Quando era mais novo eu jogava basquete na escola. Treinava todos os dias, jogava campeonatos, fui campeão paranaense, enfim, tinha uma boa condição desportiva dentro de um nível amador no local em que vivia. Hoje, passados mais de 20 anos dessa época, ainda participo de um grupo de amigos que joga duas vezes por semana por 1 hora. Evidente que as condições atléticas não são as mesmas, mas nossos jogos são bastante disputados e divertidos. A gente acaba se empolgando com muitas jogadas que fazemos e em vários momentos até se sentindo como se fosse uma estrela da NBA. Ou seja, nosso jogo acaba entrando em flow. E sabe porque isso acontece? Certamente não é porque deveríamos estar todos na NBA. É apenas porque no nosso grupo de basquete todos estão mais ou menos no mesmo nível de habilidades, exigências, concentração e objetivos. A partir disso cada um consegue desenvolver o máximo de seu jogo e isso é suficiente para atender a demanda que é nos divertirmos com o jogo. Agora, no começo do ano o pessoal do grupo resolveu participar de um campeonato que teve na cidade. E o resultado foi uma frustração geral porque os outros times eram muito melhores que o nosso. Ou seja, não teve flow. As demandas foram superiores ao que eramos capazes de fazer e os placares desfavoráveis não nos animaram a participar de novos campeonatos. Então voltamos aos nossos jogos normais duas vezes por semana e agora estamos em flow novamente. Esse exemplo tem vários aspectos que poderiam ser destacados, mas me parece que um importante é que você não precisa ser o melhor do mundo para viver em flow. Precisa apenas encontrar o ponto exato que te leva ao flow ou estado de fluxo. Eis o desafio, com benefícios disponíveis de imediato para todos. 

Um grande abraço,

Emmerson Gazda
artedaexcelencia.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"A arte da Excelência" é um projeto sem fins comerciais destinado a gerar reflexão e ações concretas para a realização pessoal e profissional.